sábado, 12 de maio de 2012

Futebol e irreverência contra os ´chicanos´

De razoáveis e bem intencionados o inferno anda cheio. E o futebol também. Agora, os craques, mestres da arte de bolinar a redonda e metê-la com tudo pra dentro e gênios da bola, são poucos, pouquíssimos, raríssimos. Em nossa querida e amada América Latina vez ou outra surgem alguns que merecem o pódio. Arthur Friedenreich, Leônidas da Silva, Neco, Heleno de Freitas, Cláudio (Cristóvão Pinho), Oberdan Catani, Jair Rosa Pinto, Júlio Botelho, Luizinho, Gilmar, Zito, Nilton Santos, Didi, Carlos Alberto Torres, Gerson, Ademir da Guia, Nelinho, Dirceu Lopes, Tostão, Falcão, Zico, Sócrates, Romário, Júnior (o Leovegildo) são alguns dignos de posar no andar de cima. ATÉ AQUI TODOS BRASILEIROS ! De teeeeeeempos em teeeeeeempos surge um Figueiroa, no Chile; um Rincón, na Colômbia; um Pedro Rocha e um Dario Pereyra no Uruguay. O Paraguay tem um Gamarra a cada 50 anos e a Argentina a cada 30 ou 40 anos revela Di Stéfano, Maradona, Messi... De relevância acho que a coisa para por aqui. Se faltar são mais 2 ou 3 nomes, nada além disso. Portanto, pau a pau, o Brasil é infinitamente superior na revelação de novos talentos aqui no continente. Se à relação lá de cima acrescermos Pelé, Garrincha, Rivelino e Ronaldo Fenômeno aí ficaremos anos-luz de distância de outros países como Venezuela, Equador, Peru, Bolívia etc. Sem demérito a esses povos, ricos em cultura, mas do ponto de vista futebol não há termo de comparação. Aí a gente se pergunta: se o nosso futebol é tão superior assim, por que então temos dificuldades brutais com a “Libertadores da América”, cuja vantagem argentina é ainda grande? Aquilo que eu me perguntava quando criança, hoje tornou-se convicção. A diferença pode-se resumir em duas palavras: ética esportiva. Ou civilidade, se preferir uma. Todo jogo é difícil, porque existem os fatores EXTRAS que não estão nas 17 regras. Equipes acostumadas a jogar no nível do mar, ou a 700 m deste, de repente sobem a 3.000 m !!! Não fosse isso o bastante, arbitragens caseiras e a mania de querer ganhar “ou na bola ou no pau”, como se dizia na várzea de antigamente. Não vou me delongar em diversos exemplos. Quem fora mais antigo (feito eu) vai lembrar do Sérgio (ou São Sérgio, para alguns), goleiro do São Paulo que num determinado ano (agora não lembro qual) jogou na Argentina e passou quase o tempo todo sendo “bombardeado”. Não pelo ataque adversário, mas pela torcida inimiga que soltava rojões contra seu gol. Cusparadas, banheiros sem água, pedradas em ônibus, intimidação policial e falta de civilidade de toda ordem fazem parte deste “roteiro latinoamericano” na Copa Libertadores. É o que os gringos lá no Norte chamam de “dirty play”, ou seja, jogo sujo. Pior, mas muito pior que essa selvageria praticada com uma certa regularidade, é o conformismo. Um bando de medíocres costuma dizer “Ah, Libertadores é assim mesmo”... É como retrocedêssemos na história e voltássemos aos tempos da caverna, dando um porrete para cada um e salve-se quem puder. Está mais que na hora de copiarmos os exemplos da Champions League, Eurocopa etc, mostrando que a civilidade pode perfeitamente também ter chegado aos campos de futebol. E só para ficarmos num único jogo recente, quando o Santos foi jogar contra o Bolívar lá na aldeia deles, a selvageria se fez presente mais uma vez. Os meninos da Vila sequer podiam bater escanteio que voavam objetos e frutas na cabeça. No seu ímpeto quase juvenil, Neymar saiu de lá muito puto. E disse abertamente: “Vai ter volta”. Felizmente a torcida brasileira recebeu o Bolivar com tranquilidade e civilidade. Não sei se por interferência do técnico Muricy (no que eu acredito), o Santos deixou as baixarias bolivianas pra lá e resolveu desafiar o time visitante somente dentro de campo. Foi uma covardia. Quem jogou (ou assistiu) uma pelada no terrão, ou na areia da praia, sabe do que estou dizendo. Aquilo foi como empurrar bêbado na ladeira. A surra que os pernas-de-pau bolivianos levaram, na bola, nunca mais vão esquecer. A diferença de uma equipe para outra foi desproporcional. Foi lindo aquilo ! Jogando em “condições normais de pressão e temperatura” a diferença é muito grande do futebol brasileiro para o resto. E o que é mais gostoso, enquanto a Argentina, nosso concorrente mais direto, deve demorar mais 30 anos para fazer o sucessor do Messi, nós já temos o Neymar prontinho para dar um olé em quem vier pela frente. E se vier pelos lados, tem o Ganso. Os 8x0, com a "apresentação" de Neymar fazendo blague com o treinador adversário que o desdenhou, afirmando que ´não o conhecia´, fecharam o espetáculo. Isto é Brasil. O resto, bem, é o resto, são “todos chicanos”...

3 comentários:

  1. Perfeito!
    Sobre porque o Brasil produz tantos craques, minha teoria é demográfica.
    Sendo o Brasil possuidor de uma população superior a soma de todos os demais países da Commenbol e, sendo o futebol o esporte mais popular aqui, sempre teremos uma produção de artistas superior a soma de todos os outros.

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  2. Poderíamos estar produzindo talvez 4 ou 5 vezes mais craques se não houvesse as máfias agindo também no futebol. Há pouco tempo conheci um garoto de uns 19/20 anos, que jogava muito bem. Esteve em alguns times pequenos, no interior do Rio de Janeiro, São Paulo e Nordeste. Fez teste num time gaúcho e o empresário que apresentou o rapaz foi claro: ele ganharia por mês R$ 5 mil, mas repassaria R$ 3 mil a esse agenciador. Com diplomacia, o cara rejeitou e na conversa me perguntou: "Está certo eu ganhar menos, sendo que todo o esforço e talento tem que sair de mim?"

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  3. É, meu amigo Celso, vc tem razão. Esse tipo atitude do "empresário" que vc citou dá nojo e só diminui o nosso futebol. E vai dimniuindo, diminuindo... até perder a graça, o tamanho e sumir.

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