sábado, 26 de março de 2011

Ainda o JAPÃO - ARTIGO na revista Balaio de Notícias

Parceiro da PLURALE, "Balaio de Notícias" republica artigo.
ACESSE http://www.sergipe.com.br/balaiodenoticias/nelson_145.htm


Japão
O fator cultural
As lições e os exemplos que aprendemos com o terremoto
Por Nélson Tucci


Números podem ser simplesmente dados estatísticos e ficarem escondidos e congelados em uma prateleira, arquivo físico ou eletrônico. Números também alteram programas de governos, definem necessidades de cirurgias, podem enlouquecer pessoas, tanto quanto – de outro lado – satisfazê-las. Geniais e diabólicos, os números estão em nosso dia a dia.

Na tragédia japonesa deste mês de março os números são vistos e revistos a todo instante. Vamos a eles:

- Cerca de 80.000 soldados que colaboram com as equipes de resgate continuam buscando pessoas nas regiões mais afetadas pelo terremoto
- Governo contabiliza 6.900 mortos e 10.000 desaparecidos
- Cálculo é de 500.000 desabrigados
- Norte e Leste do país recebem 20 mil quilolitros de gasolina e carburantes
- Aumentou de 50 para 180 o número de voluntários (entre engenheiros, físicos e bombeiros) trabalhando junto às usinas nucleares
- Injetados US$ 183 bilhões no sistema financeiro local para o país não parar.

Se a gente ficar buscando novos números eles aparecerão em profusão. Mas tudo isso quer dizer exatamente o quê? A serventia dos números vai da interpretação que se dá a eles. É preciso processá-los e conferir-lhes utilidade. Apenas por estes poucos tópicos acima pinçados do noticiário geral, dá para se perceber o seguinte: o Japão vive uma das maiores tragédias de toda a sua História. Esta é questão que pretendo abordar. O tamanho da tragédia e a reação dos seus atores (ativos e passivos).

Aqui do Brasil fica difícil imaginar uma cidade
Números podem ser simplesmente dados estatísticos e ficarem escondidos e congelados em uma prateleira, arquivo físico ou eletrônico. Números também alteram programas de governos, definem necessidades de cirurgias, podem enlouquecer pessoas, tanto quanto – de outro lado – satisfazê-las. Geniais e diabólicos, os números estão em nosso dia a dia.

Na tragédia japonesa deste mês de março os números são vistos e revistos a todo instante. Vamos a eles:

- Cerca de 80.000 soldados que colaboram com as equipes de resgate continuam buscando pessoas nas regiões mais afetadas pelo terremoto
- Governo contabiliza 6.900 mortos e 10.000 desaparecidos
- Cálculo é de 500.000 desabrigados
- Norte e Leste do país recebem 20 mil quilolitros de gasolina e carburantes
- Aumentou de 50 para 180 o número de voluntários (entre engenheiros, físicos e bombeiros) trabalhando junto às usinas nucleares
- Injetados US$ 183 bilhões no sistema financeiro local para o país não parar.

Se a gente ficar buscando novos números eles aparecerão em profusão. Mas tudo isso quer dizer exatamente o quê? A serventia dos números vai da interpretação que se dá a eles. É preciso processá-los e conferir-lhes utilidade. Apenas por estes poucos tópicos acima pinçados do noticiário geral, dá para se perceber o seguinte: o Japão vive uma das maiores tragédias de toda a sua História. Esta é questão que pretendo abordar. O tamanho da tragédia e a reação dos seus atores (ativos e passivos).

Aqui do Brasil fica difícil imaginar uma cidade
Números podem ser simplesmente dados estatísticos e ficarem escondidos e congelados em uma prateleira, arquivo físico ou eletrônico. Números também alteram programas de governos, definem necessidades de cirurgias, podem enlouquecer pessoas, tanto quanto – de outro lado – satisfazê-las. Geniais e diabólicos, os números estão em nosso dia a dia.

Na tragédia japonesa deste mês de março os números são vistos e revistos a todo instante. Vamos a eles:

- Cerca de 80.000 soldados que colaboram com as equipes de resgate continuam buscando pessoas nas regiões mais afetadas pelo terremoto
- Governo contabiliza 6.900 mortos e 10.000 desaparecidos
- Cálculo é de 500.000 desabrigados
- Norte e Leste do país recebem 20 mil quilolitros de gasolina e carburantes
- Aumentou de 50 para 180 o número de voluntários (entre engenheiros, físicos e bombeiros) trabalhando junto às usinas nucleares
- Injetados US$ 183 bilhões no sistema financeiro local para o país não parar.

Se a gente ficar buscando novos números eles aparecerão em profusão. Mas tudo isso quer dizer exatamente o quê? A serventia dos números vai da interpretação que se dá a eles. É preciso processá-los e conferir-lhes utilidade. Apenas por estes poucos tópicos acima pinçados do noticiário geral, dá para se perceber o seguinte: o Japão vive uma das maiores tragédias de toda a sua História. Esta é questão que pretendo abordar. O tamanho da tragédia e a reação dos seus atores (ativos e passivos).

Aqui do Brasil fica difícil imaginar uma cidade aos escombros e uma população inteira ilhada. É complicado também imaginarmos um Banco Central rápido, agindo “em cima do laço” para não agravar os problemas nacionais. Eu também não tenho certeza de que juntaríamos 180 voluntários, alguns de primeiríssimo nível intelectual e social, para arriscar a própria vida em favor dos irmãos da terra.

Antes de interpretar alguns fatos é preciso conhecer um pouquinho da cultura local e saber como são criados, quais os valores que carregam e como agem os japoneses em diferentes situações. O jeito oriental é diferente do jeito latino. Muito, eu diria. Quem já conviveu com eles – aqui ou lá – pode dar esse testemunho. Eu os conheci de perto e posso afiançar: é diferente de tudo aquilo que conheci quando criança, oriundo que sou de famílias latinas.

Em meio a este caos a que temos visto pelos jornais, TV e internet, eu assisti uma imagem que calou fundo. Em uma das cidades afetadas, onde a população sofre brutalmente com a escassez de serviços, moradia e, sobretudo, de água e alimentos, a população se organizou – de forma absolutamente civilizada ! – para receber o seu quantum de água e ração alimentar.

Naquele mesmo lugar onde as pessoas permaneciam “militarmente perfiladas”, havia muitas lojas destruídas e o locutor ainda chamou a atenção para o fato de não existirem saques na localidade. Olhar as imagens da destruição e logo em seguida a postura de toda uma população causou-me surpresa – mesmo conhecendo um ´tantinho bem pequenininho´ da cultura japonesa. Nessas horas o raciocínio anda sozinho e a comparação é inevitável: “Fosse isto no Brasil, será que a população não saquearia? Será que todos respeitariam a fila, sem tentar furá-la ? Será que ninguém iria estabelecer um mercado negro para o litro d´água (como ocorreu recentemente na região da serra fluminense) que estivesse disponível? Será?

Parei, pensei, refleti. E me lembrei de quando era criança, na escola. Eu não entendia a diferença entre país e nação. Alguém tentou me explicar e eu não retive a informação. Só mais tarde vim aprender que países são delimitações geográficas que os europeus – na sua maioria – fizeram pelo planeta afora, sem se importar necessariamente com povos e costumes locais. Já uma Nação era coisa mais complexa de entender. Até eu assistir às tais imagens. Depois de gravá-las na retina e remetê-las ao cérebro, processei, refleti e entendi. Agora posso dizer que já sei o que é uma Nação e como se calcula o tal do´fator cultural´. Tal qual a Fênix, o país do sol nascente já voltou a renascer.

*Nelson Tucci é jornalista, sócio diretor da Virtual Comunicação e Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre Sustentabilidade. Artigo publicado originalmente em Plurale. Título e subtítulo do BN.

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