quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

FUTIBA – 3 : O VOO 1545.

Rio, Aeroporto Santos Dumont, 7 de Dezembro de 2010. Faço o check-in na fila da ponte aérea por volta de 16h30, depois de um produtivo dia de trabalho. Já doido pra voltar à terra, consigo antecipar o voo. SORTE !

Na fila, 3 jovens tranquilos à minha frente esperando a vez de serem atendidos. Dois rapazes comuns e uma moça bem apessoada, mas também discreta, os acompanha. Instantes depois, cada um pro seu lado e os perco de vista.

Já na aeronave, sento-me no lugar marcado e logo em seguida chega o trio e senta-se exatamente na fileira de trás. Tudo absolutamente normal.

Como eu viajava só, era inevitável ouvir alguma conversa. Qualquer uma. A fileira da frente veio vazia 21 D E F. A minha poltrona era a 22 F.

Na fileira de trás, poltronas 23 D E F ocupadas. A moça, de nome Paula, era a mais falante. O rapaz do corredor fazia intervenções vez ou outra. E o mais quietinho era o moço do meio. Um rapaz de 27 anos e estatura de 1,67 m (que o google me mostrou depois) a quem Paula, sua namorada, tratava com carinho e o chamava de Dario.

Lá pelos 25 minutos de vôo aproximadamente o rapaz fala algo com sotaque “de los hermanos”. Sequencialmente, Paulinha (a esta altura já estou ficando “íntimo” da moça, por ouvidos) diz para o amigo da poltrona 23D: “Pois é, quero levá-lo pro Caribe, fazer uma viagenzinha pra ele esquecer essa coisa de futebol um pouco”.

Vai daí que, o cérebro disparou, acessou o ícone arquivos e começou a juntar as peças: FUTEBOL+GRINGO+MAIS FESTA NA VÉSPERA+DESCANSO+DARIO... pues... eu tinha quase certeza de que era o figura mesmo, mas não fiz nenhum gesto brusco. Continuei na minha.

E a tagarela da Paula toda animada, comenta com o amigo: “... é... sabe... a minha família toda adorou o Darío e a família dele também gostou de mim ...” e blá blá blá...

... “a mãe dele me disse que o apelido do Dario, quando criança, era ´Chiquitito´ hahahahahahahahaha ...”

- Si, si, era sim, mas logo perdi esse e não tive nenhum outro mais... – consente Dario, o ex-Chiquitito.

- E você nunca teve apelido? – Perguntam o “hermano” e o brasileirinho a ela :

- Bem, já me chamaram de Baleia Orca, porque eu era gordinha quando pequena, mas de verdade nunca tive nenhum apelido... – confessou.

Já são 35 minutos de vôo e o bichão já começa a descer. Congonhas está cada vez mais perto.

Nesse instante um “aeromoço” discretamente pergunta ao ocupante da poltrona 23E. “Ei amigo, nós queríamos fazer uma foto com você. Importa-se ?”

- Si, si, pois não. O baixinho, solícito, vestindo calça jeans e camiseta pólo branca, levanta-se vai rapidamente até o fundo do avião e volta.

Escuto um rápido comentário vindo de alguma outra poltrona no entorno: “Meu caro, eu sou corinthiano (daqueles com H), mas te admiro. Meus parabéns !”

- Ah, muito obrigado, respondeu, simpático, o namorado da Paula.

Congonhas, 23 graus, 18h19 do dia 7 de dezembro. Descemos, normalmente como se convém. O baixinho ao meu lado, que eu juro que poderia marcá-lo facilmente com os meus 1,82m, passa lépido pelas poltronas, carrega a sua mala e não faz o menor alarido. Creio que a grande maioria dos passageiros não percebeu.

O ocupante da poltrona 23E era DARIO CONCA, o festejado craque do Brasileirão 2010.

Considerado o melhor jogador do campeonato neste ano, pelo jeitão vai continuar levando uma vida simples, sem espasmos normalmente vistos em pessoas com muito menos talento, continuará carregando sua mala de rodinhas e apaixonado pela Paula.

Pelo talento, eu admirava seu futebol. Agora, conhecendo tamanha simplicidade, fiquei fã do cara ! E não me arrisco a marcá-lo. Deixa o garoto, porque ele ainda tem muito campo pela frente.

A Darío Conca muchas gracias y ¡felicidades!

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